segunda-feira, 22 de junho de 2009

Como funciona o mergulho autônomo?


Física, fisiologia e riscos do mergulho

Ao mergulhar, o corpo deve lidar com dois problemas importantes: pressão e temperatura. A pressão afeta a quantidade dos gases nitrogênio e oxigênio que são dissolvidos no sangue e nos tecidos. A pressão também afeta os ouvidos e os sinos do nariz. A capacidade da água de absorver o calor do corpo pode baixar a temperatura do corpo e colocá-lo em risco de hipotermia.


Problemas: gases dissolvidos sob pressão

O ar que respiramos é uma mistura de principalmente nitrogênio (78%) e de oxigênio (21%). Quando inalamos o ar, o corpo consome o oxigênio, substitui um pouco dele com dióxido de carbono e não faz nada com o nitrogênio. Em pressão atmosférica normal, um pouco de nitrogênio e um pouco de oxigênio são dissolvidos nas partes fluidas do sangue e dos tecidos. Quanto mais se desce, mais a pressão no corpo aumenta e, portanto, mais nitrogênio e oxigênio são dissolvidos no sangue. A maior parte do oxigênio é consumida pelos tecidos, mas o nitrogênio permanece dissolvido. A maior pressão do nitrogênio tem dois efeitos problemáticos no corpo: narcose de nitrogênio e nitrogênio residual.


Primeiro: quando a pressão parcial do nitrogênio atinge profundidades de cerca de 30 m ou mais, passamos por um sentimento de euforia chamado narcose de nitrogênio. A narcose do nitrogênio pode fazer com que nos sintamos relaxados ou com sono, o que significa que o mergulhador pode começar a ignorar os instrumentos, o companheiro de mergulho e até mesmo afogar. A narcose vem repentinamente e sem aviso, mas pode ser aliviada se subirmos e ficarmos em uma profundidade menor, pois o nitrogênio começa a sair da solução, à medida que a pressão diminui.

Segundo: a quantidade de nitrogênio em excesso nos tecidos depende da profundidade mergulhada e da quantidade de tempo passado nessas profundidades. A única maneira de o corpo ficar livre de nitrogênio residual (o nitrogênio em excesso), é subir para a superfície, o que alivia a pressão e permite que o nitrogênio saia da solução. Se subirmos devagar, o nitrogênio sai da solução lentamente. No entanto, depois de termos atingido a superfície, ainda temos nitrogênio residual no sistema e, portanto, antes de mergulhar novamente devemos relaxar e dar tempo ao corpo para ficar livre do nitrogênio residual, antes de mergulhar novamente. Em contraste, se subirmos rapidamente, o nitrogênio sai do sangue rapidamente, formando bolhas: podemos ouvir o som do gás de alta pressão e ver as bolhas que saem rapidamente da solução. É isso que acontece no sangue e nos tecidos. Quando se formam bolhas de nitrogênio no organismo, uma condição conhecida como doença da descompressão ou "a doença do mergulhador", bloqueia pequenos vasos de sangue. Isso pode levar a infartos do miocárdio, acidente vascular cerebral e hemorragia pulmonar e dores nas juntas (um dos primeiros sintomas da doença da descompressão é uma sensação de formigamento nos membros).


Tabelas de mergulho
A marinha dos EUA e organizações de mergulho modelaram a maneira de o corpo absorver nitrogênio à medida que seguimos vários perfis de mergulho e criou tabelas de mergulho que podem ser usadas para calcular quanto nitrogênio será absorvido pelo corpo. Em todas as tabelas, há tempos e profundidades correspondentes, nos quais não é necessário passar por descompressão - os chamados de limites de "não descompressão". Geralmente, quanto mais profundo mergulhamos, menos tempo podemos ficar nessa profundidade - o tempo de "não descompressão" cai, à medida que a profundidade aumenta. Os mergulhadores recreacionais devem planejar seus mergulhos para ficar dentro desses limites e minimizar o risco de doença da descompressão (veja
tabelas de mergulho - em inglês). O instrutor de mergulho mostrará como usar essas tabelas para planejar um mergulho seguro. Além disso, os computadores de mergulho têm essas tabelas programadas neles e usam algoritmos para calcular o tempo seguro no fundo.


A melhor maneira de evitar a doença da descompressão é minimizar o nitrogênio residual, seguindo as profundidades de "não descompressão" e os tempos de permanência fornecidos pelas tabelas de mergulho. Se violarmos os limites de "não descompressão", será necessário ficar mais tempo debaixo d'água em profundidades determinadas pelas tabelas de mergulho, para permitir que o nitrogênio saia do sistema lentamente.
Falamos sobre o nitrogênio sob pressão, mas e o oxigênio? O oxigênio de alta pressão pode provocar convulsões, ataques e afogamento. A
toxicidade do oxigênio chega rapidamente e sem aviso. Para a maioria dos mergulhadores que respiram ar comprimido, isso não ocorrerá até atingirem 65 m abaixo da superfície, normalmente uma profundidade maior que os limites da "não descompressão". No entanto, para os mergulhadores que respiram Nitrox, a toxicidade do oxigênio ocorrerá em uma profundidade menor, pois a pressão parcial do oxigênio na mistura de gás é mais alta. O melhor conselho para evitar a toxidade do oxigênio é saber o limite de profundidade e segui-la à risca.
Uma observação final sobre os gases sob pressão: eles devem fluir livremente para dentro e para fora dos pulmões o tempo todo durante o mergulho. Se seguramos a respiração durante a subida, os gases dentro de nós se expandirão e poderão bloquear a circulação nos pulmões (embolia) ou até mesmo romper os pulmões (pneumotórax). Portanto, não se deve prender a respiração enquanto se respira com o equipamento de mergulho autônomo.


Ouvido e seios nasais

Dentro da cabeça e dos ossos do crânio há espaços. À medida que descemos na água, a pressão da água aperta o ar nesses espaços, provocando uma sensação de pressão e de dor na cabeça e nos ouvidos. É necessário equalizar a pressão nesses espaços com vários métodos -como fechar as narinas e assoar o nariz com cuidado. Se equalizada adequadamente, os seios podem agüentar a maior pressão sem problemas. No entanto, a congestão dos seios provocada por resfriado, gripe ou alergias pode afetar a capacidade de equalizar a pressão e pode resultar em danos ao tímpano.


Hipotermia

Uma temperatura da água abaixo da temperatura do corpo tira calor do corpo. É importante ter proteção térmica adequada (roupas molhadas ou secas) para evitar a hipotermia. A resposta do corpo para temperatura mais baixa do corpo e um dos sintomas iniciais de hipotermia é o tremor. É necessário encerrar o mergulho se começar a tremer.

Outros riscos

Exercício físico em maior quantidade embaixo d'água pode levar à fadiga, à desidratação e a cólicas intestinais ou desordens músculo-esqueléticas. Os mergulhadores devem conhecer seus limites físicos e não ir além deles.
Embora haja muitos riscos no mergulho autônomo, novos mergulhadores podem minimizar os perigos por meio de um treinamento adequado. Programas de certificação em águas abertas ( enfatizam a fisiologia e os riscos para a prática do mergulho seguro. Um mergulhador bem treinado pode desfrutar o esporte de maneira segura, com riscos mínimos para a saúde.

2 comentários:

  1. gostei muito da mateira sobre flutuabilidade,que visa dirimir as duvidas que pessoas que nadam como eu.abraços!

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  2. Muito esclarecedora a matéria. Parabéns!!

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